domingo, 12 de abril de 2009

Ponferrada – Villafranca del Bierzo: dolores y mal humor

O caminho começa a dar sinais de dificuldade. Ontem mesmo eu comentei com o Daniel, durante as primeiras horas da manhã, que aquilo parecia muito mais fácil do que eu imaginava. Hoje não repetiria essa afirmação de nenhuma maneira.

Saímos de Ponferrada às 9 horas. A informação era de que o trajeto de hoje seria de “somente” 23 quilômetros, caminhando em terreno plano, sem nenhuma dificuldade. Mas sem nenhuma dificuldade para quem?, me pergunto.

Meu joelho doeu mais do que eu esperava. Para piorar, os primeiros quilômetros foram pela rodovia, caminhando pelo asfalto. Os carros e caminhões, ainda que poucos, me incomodavam de uma maneira que não saberia explicar. O trajeto era mal sinalizado e ficávamos por muitos quilômetros sem ver nem sequer uma das setas amarelas que indicam por onde seguir. Tinha vontade de parar. Chorei, de dor e de desânimo.

O Daniel ia um pouco mais à frente e a Laura pouco atrás de mim. Paramos, depois de uns 10 quilômetros, em um povoado que nem olhei o nome. Bebemos água. Acho que se notava na minha cara a pouca vontade de continuar.

Daniel me segurou pela mão. Acho que era o que eu precisava, de força para continuar. Não tinha vontade de falar, mas logo a conversa foi minha aliada e a distração foi o que me fez esquecer um pouco da dor. Lembramos casos de infância, aquelas histórias simples que não saem da nossa cabeça e nos fazem felizes. Cantei “papagaio louro do bico dorado” e outras cantigas de roda que minha mãe me ensinava quando era criança. Lembrei muito da minha família e da minha irmã.

Chegamos antes das 15 horas. O Albergue Municipal está num lugar privilegiado da cidade, com uma vista maravilhosa. Como tinha lavadora, aproveitamos para lavar roupa e eu tirei as primeiras fotos dos dia, já que durante o trajeto não tive ânimo para isso.

Depois do banho e do almoço, nos fizemos massagens mútuas nas pernas e nos pés. Foi nessa hora que senti pela primeira vez a sensação de ter perdido os reflexos. O Daniel quase morreu de rir quando olhei para ele e perguntei, assim meio sem pensar: Como que é? Era porque eu, sentado, tentava mexer a perna direita de lugar e não conseguia. Demorou uns segundos até que meu cérebro se desse conta dos meus comandos.

Caminhando muito devagar, descemos para jantar na cidade. Passamos em frente ao Castillo de los Marqueses de Villafranca, uma construção do século XVI, de propriedade de um músico, que segundo contam no povoado, mora sozinho lá dentro. Villafranca é muito bonita, mas meu corpo não me permitiu visitar nem mesmo as igrejas históricas.

Na Plaza Mayor, nos encontramos com outros peregrinos, entre eles Marcos e Andrea, um casal de Campinas que tínhamos conhecido na noite anterior. Jantamos todos juntos e rimos muito dos casos de Andrea, que se perdeu quando passava pelos Pirineus, no início do caminho.

Com meus antiflamatórios tomados e rindo da Laura que tinha guardado sua credencial na mochila de outro peregrino, durmo na esperança de um dia melhor amanhã.

6 comentários:

Sirlene disse...

To com dò de vc, quase chorei...
mas acho que a dificuldade ajuda a valorizar a esperencia. Falta muito?
Com Deus bjo

Susana disse...

que interesante conocer mi pais viendo tu blog. Animo! Espero que lo pases muy bien

Saviano Abreu disse...

sirlene, ainda faltam mais de 200 quilômetros... não é fácil

Unknown disse...

Que irmã é essa aí que vc lembrou? Não parece estar falando de mim.

Vanvis disse...

Tadinho do meu amigo gente.. e a Vanvis nem tah aí pra cuidar de vc neh?!.. rsrsrs

É Savi.. realmente uma mão amiga sempre nos ajuda nas horas difíceis neh. Por isso não desista.. nos momentos de fraqueza, pare, reflita e peça a Deus força pra continuar...

Estou torcendo e orando por vc!

Unknown disse...

esto todavia funciona?