quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Una vela sin fuego ni cera

Na Espanha ninguém pode reclamar que a igreja católica não se moderniza. Tá certo que não é exatamente a modernidade que muita gente espera, já que se formos avaliar os comentários públicos dos bispos daqui, acho que são muito mais conservadores do que os brasileiros.

Digamos que aqui eles são mais práticos, então. Cheguei a essa conclusão depois de visitar algumas igrejas históricas de Madrid, no último final de semana, e descobrir que é impossível acender uma velinha sequer para o seu santo de devoção. Os espanhóis trocaram a cera, o pavio e fogo pelo plástico e pela eletricidade.

Nos pés dos santos, as velas elétricas são a única maneira de fazer uma homenagem, um pedido ou agradecimento ao protetor. Não encontrei ninguém que conseguisse me dar uma explicação para tal mudança, que na minha opinião é bastante esquisita e tira o sentido da tradição. Mas levando em consideração que o fiel deve pagar 0,20 euros (R$ 0,54) para ter sua eletro-vela acendida, acho que o método é mais rentável para a igreja do que comprar caixas e caixas da “antiga” vela.

E até a maneira de pagar o que eles chamam de oferenda é moderna. O velário elétrico é dotado de um sistema de cobrança automático, onde só é preciso colocar uma moeda na maquininha, sem complicações.

Não sei como é no resto da Europa, mas já me informei que a eletro-vela é adotada em muitas partes da Espanha e de Portugal. Vai entender!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Tapeando en la noche madrileña

No último fim de semana pude conhecer uma das noites mais badaladas da Europa, a de Madrid, e me encantar ainda mais com alguns costumes espanhóis. Descobri que tapear por aqui não tem nada a ver com enganar alguém.

Uma das características famosas da culinária espanhola são as “tapas”, que eu traduziria como o nosso tira-gosto aí do Brasil. E um dos costumes dos jovens é sair pela noite, passando de bar em bar, tomando uma “caña” (chope) e comendo uma tapa. Isso é o que eles chamam de tapear e é comum também em Valencia, onde moro (ainda que aqui não tinha escutado a expressão).

Mas o mais bacana de Madrid é que a cada rodada de bebida o bar coloca também uma tapa na mesa, por conta da casa. Os mais animados aproveitam para trocar de lugar o tempo todo e experimentam diferentes tapas. Numa noite pode-se comer tortilha de batata, batatas fritas, canapés, lingüiça, e mais um monte de coisa.

Os pubs e algumas boates também têm uma vantagem: a maioria deles não cobram entrada. O lance é escolher a região por onde que sair e ir passando de boate em boate e dançar um pouco de cada estilo musical. Esses lugares gratuitos não ficam exageradamente lotados e com ambiente ruim, como eu pensaria caso não tivesse ido a pelo menos quatro em um só dia.

O problema é que a maioria fecha às 3h30 da manhã. A casa pode estar lotada, que ele apagam as luzes e desligam o som. Os mais animados têm que continuar a noite nas boates pagas, que enchem nesse horário.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ibiza: un paraíso salado


Ibiza dispensa qualquer tipo de comentário. O mar extremamente claro e azul, as badaladas festas e o circuito gay já são mais do que famosos em qualquer canto do planeta. Os brasileiros, inclusive, invadem a ilha no verão, seja trabalhando nos bares e boates ou como turistas mesmo, no caso dos mais afortunados.

Mas uma coisa que chamou minha atenção quando estive lá, no final do ano passado, é a qualidade da água usada pelos ibizencos. Não se assuste se na hora de escovar os dentes tiver a impressão que a água que sai da torneira veio diretamente do mar. Também não adianta reclamar se, pouco depois de tomar banho, sentir que uns cristaizinhos de sal começaram a se formar na sua pele.

Com pouca opção de água doce e considerando o custo de transportar o insumo do continente para a ilha, a solução encontrada foi dessalinizar a água do mar. O processo é usado também em outras partes da Espanha, inclusive aqui em Valencia. A diferença é que na península eles misturam 2/3 de água doce com a “reciclada”, o que garante um resultado melhor. Mas em Ibiza, o que chega na torneira, na minha opinião, é praticamente água do mar.

Dizem que não faz mal se tomada, mas o gosto é horrível. As pessoas usam normalmente para cozinhar e com certeza devem economizar muito no sal. Para beber só tomando água mineral, que é bem barato por aqui.

Obs. Foto minha da pedra Es Vedra. Reparem como a lancha ficou parecendo ser pequena.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

No te imaginas lo parecido que somos

Já estou traumatizado e evito qualquer comentário anterior quando alguém me convida para comer algum prato da culinária latina, seja do país que for. Eu tive que sair daí do Brasil para vir descobrir aqui na Europa o tanto de coisas que temos em comum com os demais latino-americanos.

Ontem, no jantar de aniversário da Daniela (post anterior), tive uma das maiores decepções culinárias da minha vida. Depois de 24 anos de vida fui descobrir que o pão de queijo, orgulho de qualquer mineiro, não é exclusividade das montanhas do meu estado.

Já sabia que ele é copiado em todos as partes do Brasil (confesso que sempre gostei muito disso), mas ontem descobri que nosso famoso quitute é também muito típico da Colômbia, onde recebe o carinhoso nome de pan de bono.

É igualzinho ao nosso. E vai ser gostoso assim lá na China, quero dizer, na Colômbia. Mineiro ou nao, aproveitei. Mas deixei espaço também para comer umas “empanadas de harina de maíz”, ou pastel de angu, para os mais íntimos. Isso mesmo, até o nosso querido pastel de angu tem sua versao colombiana.

Pelo menos não serviram Guaraná. Bom, claro que gostaria ter tomado guaraná, mas não suportaria a dor de descobrir que ele também não é exclusividade nossa.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Una conmemoración especial

Hoje eu participei de uma festa de aniversário bastante diferente. A principal personagem da comemoração, a aniversariante, não estava. Parece estranho? Sim, mas foi a maneira que uma mãe achou para sentir-se mais próxima de sua filha, que está a milhares de quilômetros de distancia daqui, em Bogotá, na Colômbia.

Cláudia (foto), a mãe, já mora na Espanha desde 2006 e esse foi o segundo ano consecutivo em que ela não pôde cantar os parabéns para sua filha Daniela Alejandra, que apagou sua 13ª velinha.

Sair dos nossos países em buscas dos sonhos muitas vezes implica enfrentar situações como a que presenciei hoje. Um imigrante, porque é isso que passamos a ser quando deixamos nossas casas, nunca esquece os vínculos que deixou para trás. Imagino que para uma mãe a situação deve ser ainda pior. Impossível não se emocionar ao ver os olhos marejados de Cláudia falando do amor pela filha.

Ela é apenas mais uma das milhares de mulheres que imigram para os países europeus todos os anos, em busca de melhores condições de vida para suas famílias. Muitas delas se vêem obrigadas a deixar para trás os próprios filhos e cuidarem dos filhos de outras mulheres quando chegam aqui. E ainda têm de enfrentar o preconceito dos europeus, que no fundo sabem que dependem dos trabalhadores imigrantes.

Curiosidade: 60% dos cerca de 100 mil brasileiros que vivem aqui são mulheres, segundo dados estatísticos do governo da Espanha.

¡Feliz Cumpleaños Dani! E parabéns a todas as corajosas que lutam para mudar um pouco a cara desse nosso mundo desigual.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

¡Como echo de menos a los carnavales!

Contar para alguém que você é brasileiro aqui na Espanha é quase certeza de receber como resposta uma pergunta sobre o carnaval, principalmente o do Rio de Janeiro. Muita gente já começa a ver o Brasil com outros olhos, principalmente pelo crescimento da nossa economia, mas carnaval e futebol ainda são nossos principais produtos aqui fora.

E nessa época, em que as imagens das mulheres peladas chegam a bombardeio nas televisões daqui, a curiosidade dos europeus aumenta ainda mais.

Aqui também tem carnaval, mas não com a mesma popularidade do nosso. Os mais famosos são os de Cádiz, no sul do país, região da Andaluzia, e o das Ilhas Canárias, que pertencem à Espanha, mas estão no Atlântico, geograficamente mais próximos da África. Alí tem festa de rua, como no Brasil.

Na maioria das outras cidades acontecem principalmente festas em clubes, com gente fantasiada e sem samba. A tradicional festa pagã chegou a ser proibida aqui, durante a ditadura de Franco, entre 1939 e 1975.

Para não perder a tradição, eu festejei o carnaval com uma turma de brasileiros que moram aqui. Fomos para o apartamento de umas pernambucanas, sambamos, cantamos, tudo o que tinha direito. Mas a festa teve que acabar mais cedo, por volta das 3h30, com a chegada da polícia, avisando que não tínhamos tanto direito assim.

Na foto, Rodrigo e Verônica, dando um showzinho..

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

San Valentín: el día del amor y de la amistad

Coraçõezinhos nas vitrines das lojas, cupidos por todos os lados e festas (ou jantares) bem especiais. É quase impossível não entrar no clima do Dia de São Valentim, que celebramos hoje aqui na Espanha e em um monte de outros países do mundo, como Japão, China, Estados Unidos, México, Guatemala.

E quando digo quase impossível, não exagero. Mais do que o “Día de los enamorados”, é uma data para celebrar o amor e a amizade. É ótimo, porque quem está solteiro ou jogado às traças, como eu, não precisa morrer de depressão pensando que não vai ganhar presente ou ir ao cinema com a pessoa amada. Os amigos e familiares também trocam presentes, flores e chocolates.

Alguns grupos fazem até amigo-oculto. Aqui na residência organizamos um e hoje pela noite será a entrega dos presentes. Mas o mais bacana é que, desde o dia em que sorteamos os nomes, as pessoas deixam em uma caixa alguma lembrancinha com um bilhete para o seu “amigo invisible”, como chama o jogo por aqui.

Ontem meu amig@ me deixou nada menos do que quatro presentes. Todos coisas gostosas para comer, típicas daqui. Todos os dias recebo também e-mails anônimos com dicas para descobrir quem é a pessoa. É bastante legal. Agora é aguardar a festa para saber o que vou ganhar. Depois conto para vocês.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Mi cocinera y mi plato preferidos


Se existe uma pessoa engraçada e louca neste mundo, ela atende pelo nome de Nina e é espanhola. Mais precisamente, trabalha de cozinheira nos finais de semana, aqui na residência universitária onde moro.

É uma mãezona, mas do tipo moderna, que fica nas festas com a gente até de madrugada, nos ajuda a roubar coisas gostosas no armazém para levar as nossas casas, faz sanduíches para mim quando tenho que sair correndo antes de o jantar ficar pronto. Enfim, uma pessoa bastante especial.

E para compensar tudo o que faz pela gente, quase sempre estamos ali na cozinha, lhe ajudando a preparar alguma coisa. Acho que na verdade é mais para aproveitar da sua companhia que para ajudar, precisamente.

Hoje ela estava fazendo tortilla de batata. E lá estava eu, quebrando nada menos que 180 ovos para preparar o prato. Todo mundo já sabe que eu sou louco por tortilla e meus amigos mais próximos e minha família já até tiveram a oportunidade de experimentá-la na minha casa. Mas nunca tinha visto nada parecido a uma preparada com nada menos que uns 12 kg de batata e outros 8 de cebola. Bom, na verdade nunca cozinhei para 70 pessoas.

Ficou uma delícia, mas não tentem fazer em casa, não nessas proporções.

Obs.: Na foto Nina e eu estamos batendo os 180 ovos.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Un juguete nuevo


Já tenho uma câmera digital nova. As fotos daqui do blog não serão mais “chupadas” de outros sites. Bom, pelo menos as que eu conseguir fazer. Cheguei aqui com uma câmera que já tinha, mas a qualidade das fotos não era tão boa. E se quisesse fotografar a noite então, nem pensar.

Aproveitei essa época de “rebajas” (leia tópico abaixo) para fazer um investimento. Claro que minhas atuais condições financeiras não me permitiram uma câmera profissional, que era meu sonho. Comprei uma Sony DSC-T2, que foi a que mais me chamou a atenção, principalmente pelo custo benefício.

Tem 8.1 megapixels e um monte de funções que ainda não sei usar. A tela de visualização é táctil e todas as funções são manejadas tocando essa mesma tela. Chique né? Ficou igual retardado brincando com ela.

Em breve fotos minhas por aqui.