domingo, 15 de novembro de 2009

Las mentiras de la vida

Uma vez me disseram que uma paixão não dura mais que seis meses. E me mentiram mais uma vez...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

¡Feliz Cumpleaños, mamá!


Hoje acordei com uma imagem bonita na mente. Desde os primeiros minutos da manhã me lembrei do sorriso da minha mãe. Lembrei-me também das suas lágrimas, no dia da minha despedida quando vim para a Espanha. Mas logo pensei na minha infância e ri ao resgatar na memória imagens que para sempre ficarão guardadas comigo.

Hoje é aniversário da minha mãe. Não pude estar com ela, mas fiz questão de celebrar. Comprei bolo, vela e tudo. O Daniel e a Júlia participaram da festa. E queria compartilhar com todo mundo as imagens de uma festa ao mesmo tempo alegre e triste. Feliz simplesmente por ela existir e triste por essa saudade imensa que mora no meu coração.
Mãe, te amo!

Obs. Amanhã escrevo mais, mas hoje não me sinto muito bem e ainda por cima estou morto de sono).

domingo, 20 de setembro de 2009

Sol de otoño

Essas surpresas da vida. Parece ser que por aqui, mesmo no outono, o sol resolve dar sinal de vida de vez em quando. Hoje ele amanheceu brilhante e forte. E tava quente. Não esse calor que abafa, que incomoda. Ao contrário. Esse calor que reconforta e reanima.

As folhas ainda estão no chão. Muitas molhadas pela chuva dos últimos dias. Outras já apodreceram e até viraram adubo para a mesma árvore de onde caíram. Mas tem também algumas que estão verdes e vivas. Essas são as que mais causam dor ao olhá-las caídas no chão, ao lado da árvore que está ao mesmo tempo seca e molhada.

Não podem voltar para o lugar de onde saíram. Mas outras nascerão na próxima primavera. A parte boa é que pelo visto, neste ano, o inverno se converterá em verão de um dia para o outro. E assim, com um calor tropical, a árvore poderá recuperar sua majestosa copa antes do previsto, antes mesmo da primavera. Estará, quem sabe, mais forte para quando chegar o próximo outono.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Se acabó la alegría del verano

O outono chegou antes da hora. Chegou frio, escuro... uma surpresa nada agradável. Já se despediu o verão. Aquele sol que parecia tão lindo, que me dava calor e vontade de viver a vida em toda a sua plenitude, ficou cinzento, fraco e feio do dia para a noite.

As folhas começaram a cair de uma maneira rápida e inesperada. É triste, impactante. A árvore que ostentava sua copa verde e majestosa, agora parece morta. A mesma árvore que havia crescido rápido nas outras estações, causando inveja por sua beleza e harmonia, está seca e sem vida. No chão, as folhas que caíram viraram lembranças castanhas de uma época feliz.

Na rua, as pessoas parecem mais tristes. O tempo ficou frio e todos já colocaram seus abrigos que os protegem do mundo exterior. Voltamos a usar essas capas que prendem nossos corpos, escondem os verdadeiros sentimentos e nos impedem de compartir nossa essência mais bonita. Tudo por culpa de um sol que se apagou de repente e de um outono que chegou antes da hora.

Tenho vontade de voltar para o meu Brasil, onde pelo menos o sol brilha o ano todo.

domingo, 23 de agosto de 2009

Hegemonía brasileña en Valencia

Eu só pude escutar o barulho dos motores pelo lado de fora do circuito (não queria gastar uma fortuna para entrar). Lá da praia, não soube que Barrichello tinha ganhado o GP quando os carros pararam e acabou o ruído quase infernal . A feliz notícia só recebi quando cheguei em casa e confesso que me senti todo orgulhoso. Segundo ano da Fórmula 1 aqui em Valencia e segunda vitória brasileira. Nós mandamos e desmandamos no pedaço!

Brincadeiras à parte, o Rubinho merecia essa vitória. E se é aqui pertinho de mim, melhor ainda, mesmo que eu não o tenha visto. Depois de tanta confusão, de tanta crítica e de quase ter ficado sem equipe este ano, ele está literalmente dando a volta por cima e levando nosso nome mundo afora. Se no ano passado Felipe Massa entrou para a história como o primeiro piloto a vencer no circuito de Valencia, este ano Rubinho garantiu a hegemonia brasileira e entrou para a história como o piloto que conquistou a 100ª vitória do Brasil nos mundiais da F-1. Agora é torcer para quem sabe sermos campeões este ano. Ainda faltam seis corridas e não é impossível.

Enquanto isso, Valencia irá voltando à normalidade. Como é um circuito urbano, uma parte da cidade, próxima ao Porto, fica fechada durante esses dias. O bloqueio não é somente nas ruas que são usadas na competição, mas em outras tantas para organizar os acessos e por medidas de segurança também.

E é aí onde os valencianos podem se beneficiar da corrida. Moradores de prédios vizinhos ao circuito alugam suas varandas para os mais abonados assistirem à prova com toda a comodidade. O preço médio é de 250 euros por pessoa uns R$ 680), com buffet incluído. Dentro do circuito, os ingressos custam de 100 euros (sem direito a cadeira) a quase 500 euros nas melhores zonas. No ano passado, sem crise, teve gente que chegou a lucrar 20 mil euros ao disponibilizar a casa para grupos. Pena que eu não moro numa dessas ruas.

Fotos: Felipe Ramirez
De cima para baixo:
1 - Esse blogueiro que vos fala.
2 - Uma das ruas do circuito.
3 - Galpões do Porto transformados em boxes.
4 - Ferrari, sem Felipe Massa, prepara carro para corrida.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

És possible parlar dues llengües a la vegada?

Es posible hablar dos idiomas a la vez?
É possível falar dois idiomas ao mesmo tempo?

Parece que sim. Na verdade, com certeza que sim e até em três pelo visto. Viver numa sociedade bilíngue tem suas particularidades e seus aprendizados. Logo quando cheguei a Valencia, achava muito estranho escutar no metrô, por exemplo, duas pessoas conversando entre si, porém cada uma numa língua diferente. Como aqui são dois os idiomas oficiais, o espanhol e o valenciano/catalão, é muito comum ver pessoas que usam um deles falando com outras que usam o outro. Eu me perguntava: mas se os dois falam os dois idiomas, por que não conversam no mesmo? Mais estranho ainda era abrir jornais de prefeituras daqui ou até mesmo jornais comunitários em que cada notícia vinha numa língua. Sempre achei que deveriam eleger uma delas ou bem publicar todas as reportagens nas duas.

Mas por questões principalmente políticas, mas também pessoais ou simplesmente de conhecimento da língua, cada um opta pela sua e assim as coisas vão acontecendo.

Esquisito? Visto de fora pode até parecer, mas depois de quase dois anos aqui, já entrei no jogo e me vejo muitas vezes na mesma situação. Melhor dizendo, eu pioro a situação. Com o Daniel, por exemplo, um amigo daqui que também fala português, sou capaz de usar os três idiomas ao mesmo tempo. Já tentamos de tudo para combinar pelo menos dias alternados para usarmos cada uma das línguas, mas parece que isso já ficou impossível.

Mudamos de idioma o tempo todo ao longo da mesma conversa. Ele quer treinar o português comigo, eu quero treinar o valenciano com ele, mas muitas vezes temos que recorrer ao castelhano porque temos dúvidas em um dos dois anteriores.

Já na sociedade valenciana a questão não é tão simples como dois amigos praticando uma língua nova. Historicamente perseguido pelo Estado Espanhol, o valenciano ou catalão foi perdendo espaço numa região em que outrora foi um país independente, com sua língua e seus costumes próprios, assim como também era Galiza e País Basco. Até chegar aqui eu também não sabia, mas Espanha como tal só existe desde o princípio do século XVIII. Antes a Península Ibérica tinha outra divisão política e a junção forçada destas nações num mesmo Estado causou problemas com consequências graves até hoje. Não é à toa o terrorismo do grupo separatista ETA nem as manifestações pela língua na Catalunha com maior força e em Valencia com menor visibilidade.

Durante os anos da última ditadura pela qual passou a Espanha, que durou quase 40 anos e só terminou em 1975, as línguas foram perseguidas e manobras políticas forçaram o uso do castelhano nas regiões que não o usavam. Hoje, uma parcela da população luta por manter viva uma língua e uma história que continua em segundo plano para os governos. E eu tô aqui, para ajudar a engrossar essa rica mistura.


Obs. 1: As fotos são da última manifestação pela cultura e língua do País Valenciano, em maio.
Obs. 2: Para os que estavam acompanhando a saga do Caminho de Santiago, pretendo terminar de postar, prometo!

domingo, 12 de abril de 2009

Ponferrada – Villafranca del Bierzo: dolores y mal humor

O caminho começa a dar sinais de dificuldade. Ontem mesmo eu comentei com o Daniel, durante as primeiras horas da manhã, que aquilo parecia muito mais fácil do que eu imaginava. Hoje não repetiria essa afirmação de nenhuma maneira.

Saímos de Ponferrada às 9 horas. A informação era de que o trajeto de hoje seria de “somente” 23 quilômetros, caminhando em terreno plano, sem nenhuma dificuldade. Mas sem nenhuma dificuldade para quem?, me pergunto.

Meu joelho doeu mais do que eu esperava. Para piorar, os primeiros quilômetros foram pela rodovia, caminhando pelo asfalto. Os carros e caminhões, ainda que poucos, me incomodavam de uma maneira que não saberia explicar. O trajeto era mal sinalizado e ficávamos por muitos quilômetros sem ver nem sequer uma das setas amarelas que indicam por onde seguir. Tinha vontade de parar. Chorei, de dor e de desânimo.

O Daniel ia um pouco mais à frente e a Laura pouco atrás de mim. Paramos, depois de uns 10 quilômetros, em um povoado que nem olhei o nome. Bebemos água. Acho que se notava na minha cara a pouca vontade de continuar.

Daniel me segurou pela mão. Acho que era o que eu precisava, de força para continuar. Não tinha vontade de falar, mas logo a conversa foi minha aliada e a distração foi o que me fez esquecer um pouco da dor. Lembramos casos de infância, aquelas histórias simples que não saem da nossa cabeça e nos fazem felizes. Cantei “papagaio louro do bico dorado” e outras cantigas de roda que minha mãe me ensinava quando era criança. Lembrei muito da minha família e da minha irmã.

Chegamos antes das 15 horas. O Albergue Municipal está num lugar privilegiado da cidade, com uma vista maravilhosa. Como tinha lavadora, aproveitamos para lavar roupa e eu tirei as primeiras fotos dos dia, já que durante o trajeto não tive ânimo para isso.

Depois do banho e do almoço, nos fizemos massagens mútuas nas pernas e nos pés. Foi nessa hora que senti pela primeira vez a sensação de ter perdido os reflexos. O Daniel quase morreu de rir quando olhei para ele e perguntei, assim meio sem pensar: Como que é? Era porque eu, sentado, tentava mexer a perna direita de lugar e não conseguia. Demorou uns segundos até que meu cérebro se desse conta dos meus comandos.

Caminhando muito devagar, descemos para jantar na cidade. Passamos em frente ao Castillo de los Marqueses de Villafranca, uma construção do século XVI, de propriedade de um músico, que segundo contam no povoado, mora sozinho lá dentro. Villafranca é muito bonita, mas meu corpo não me permitiu visitar nem mesmo as igrejas históricas.

Na Plaza Mayor, nos encontramos com outros peregrinos, entre eles Marcos e Andrea, um casal de Campinas que tínhamos conhecido na noite anterior. Jantamos todos juntos e rimos muito dos casos de Andrea, que se perdeu quando passava pelos Pirineus, no início do caminho.

Com meus antiflamatórios tomados e rindo da Laura que tinha guardado sua credencial na mochila de outro peregrino, durmo na esperança de um dia melhor amanhã.

sábado, 11 de abril de 2009

Foncebadón – Ponferrada: Surgen los primeros dolores

Cumprimos hoje um dos trajetos considerados mais difíceis até chegar a Santiago. Mas acho que será também um dos mais bonitos. Saímos do albergue de Foncebadón às 8 horas, com o termômetro marcando 4º abaixo de zero. A nevada da noite deixou a paisagem ainda mais branca. Estávamos a 1.500 metros de altura e tivemos que descer mil deles para chegar a Ponferrada, distante 26 quilômetros do ponto de partida.

O início foi complicado, pelo frio. Não viemos preparados para esse clima, ainda mais em plena primavera. Mas o corpo esquentou rápido e imprimi um ritmo forte de caminhada. O Daniel veio junto, mas a Laura acabou ficando para trás em alguns momentos.

Algumas horas depois a neve foi acabando e o clima também mudou. Pegamos um pouco de chuva, houve momentos de sol. Acho que passamos pelas quatro estações do ano num mesmo dia. E foi incrível quando terminamos a grande descida, olhamos para trás e vimos a montanha nevada por onde tivemos que passar. Eu, sicenramente, não podia acreditar.

Paramos para comer em El Acebo, um povoado lindo, onde todas as casas são cobertas por telhados de ardósia. O próximo povoado, Molinaseca, guarda uma ponte da época romana (foto) e as mesmas casinhas de ardósia. Daí para frente já se podia avistar Ponferrada, nosso destino de hoje. E o que parecia muito perto ficou cada vez mais longe. As montanhas nitidamente caminhavam junto conosco e a cidade não chegava. Pensei na minha vida, nos meus sonhos, e em como tudo aquilo parecia me mostrar o difícil e o gostoso que é chegar aos nossos objetivos.

Comecei a sentir o joelho direito, mas não sei bem por que, continuei muito rápido. Atravessar a ponte de Ponferrada me pareceu uma eternidade, mas às 15 horas já estávamos no albergue municipal. Depois do banho, já não conseguia mais dobrar o joelho. Agradeci por termos decidido andar 6 quilômetros mais na etapa de ontem, diminuindo o peso da de hoje.

Mesmo com muita dor, estava animado e saimos a passear. No centro histórico da cidade está o Castillo de los Templarios (foto), uma construção de pedra belíssima, apesar de representar um passado pouco admirado por mim.

Fizemos compras para jantar e tomamos limonada, uma bebida feita de vinho, limão e outros ingredientes macerados, típica da região na época da Semana Santa. A Laura comprou uma joelheira para mim e umas peregrinas do País Basco, que conheci ontem, me deram Voltarem.

Agora à noite a Laura caiu da beliche ao tentar subir e o Daniel quase queimou o cabelo dela com o isqueiro. Vou para cama, entre dores e crise de riso.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Astorga - Foncebadón: nieve y frío

O primeiro dia de caminhada me deixou com aquela sensação gostosa de meta cumprida e com muita vontade de continuar. Não sei se pela companhia – Laura e Daniel, uma valenciana e um valenciano muito especial –, se pelas pessoas que fui conhecendo pelo caminho, se pela paisagem ou pela junção de tudo isso, mas sinto uma alegria por dentro difícil de explicar.

Começamos em Astorga, uma cidadezinha da província de León, com uma catedral em estilo romano impactante e um castelo de pedra ao lado, obra de Gaudi. Saímos às 8h30, debaixo de uma temperatura de 0º e um vento que dificultava um pouco nossos passos. Cantamos, rimos, nos calamos e pensamos.


A neve, que deu sinais de vida a uns dois quilômetros de Rabanal del Camino, chegou como uma surpresa agradável e uma companhia incômoda ao mesmo tempo. Foi maravilhoso ver nevar, a paisagem ficou linda, mas o frio aumentou e os flocos fincavam como agulhas na pele do rosto.


Em Rabanal, que seria nossa primeira meta, tomamos um leite quente, comemos sanduíches e no final decidimos seguir seis quilômetros mais até Foncebadón.


Aqui, nesse povoado quase inabitado, nos alojamos no Domus Dei, uma albergue paroquial muito simples e muito acolhedor. Os hospitaleiros, dois canadenses voluntários, prepararam um jantar que nos deixou a todos supreendidos: caldo de grão-de-bico, feijão branco e lentilhas de primeiro prato, tortilha de batata e espaguete de segundo. Comi mais do que devia. O preço? Um donativo no valor que pudermos pagar.


Agora, depois de 26 quilômetros e 6 horas de caminhada (já descontados os descansos), vou dormir nesse lugar pitoresco, coberto de neve, pensando no que me espera na jornada de amanhã.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ya soy un peregrino

Fui multado. É sério! A última coisa que pensei que pudesse me acontecer durante o Caminho de Santiago seria uma multa, mas aconteceu. Explico: de Valencia até Astorga, onde começamos nossa caminhada pelo trajeto Francês (o mais tradicional dos vários que existem) vim de carro com meus companheiros de viagem.

Passando por Tordesillas, aquela famosa cidade onde Portugueses e Espanhóis assinaram o tratado que dividiu a América, começamos a ser perseguidos pela polícia. Uma moto na frente e outra atrás do nosso carro, fazendo sinal para encostar. Paramos. Adivinhem o motivo! Que vergonha...

Eu, que estava no banco de trás, não tinha o cinto de segurança colocado. Juro que o usei durante os quase 800 quilômetros que viajamos, mesmo porque estava no banco da frente. Passei para trás e na empolgação de ficar mais perto para conversar, esqueci do cinto. O resultado foi 150 euros de multa no meu nome (toca`t les castanyes). Aqui a punição vai para quem não cumpre a regra e não para o motorista.

Bom, amarguras quase esquecidas, chegamos a Astorga às 16h, depois de mais de 10 horas de viagem. A primeira providência foi conseguir a credencial do peregrino, um documento que acredita que estou fazendo o caminho. Em cada albergue por onde durmir ganho um carimbo que comprova que parte do trajeto foi cumprido. Em Santiago recebo, se tiver feito mais de 100 quilômetros, a Compostela, uma espécie de diploma com uma bénção do Vaticano para os peregrinos.

Esta noite dormiremos no Albergue Municipal de Murias de Rechivaldo. Simples, pequeno e o melhor, de graça.

Fotos: Momento em que o policial fazia a multa, num palm top; Castillo de Gaudi, em Astorga.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

La preparación

Antes mesmo de começar a caminhar já deu para perceber que fazer o Caminho de Santiago é aprendizado constante. Nunca pensei que teria tantos problemas (ou pelo menos tantas dúvidas) só com a preparação da mochila. Que difícil é saber escolher somente aquilo que é realmente essencial para passar esses dias, sem espaço para vaidades nem luxo.

O peso nas costas é um fator determinante para que o peregrino consiga fazer bem o caminho. Todos os sites de dicas recomendam que a mochila nunca deve ter mais que 10% do nosso peso corporal . E é claro, tive que tirar tudo de dentro e começar de novo depois da primeira tentativa.

A idéia era levar 10 camisetas, uma para cada dia, para não ter de lavar durante a viagem. Mas vocês não imaginam a diferença de peso quando resolvi deixar a metade para trás. Nunca pensei que até os 250 ml. do vidro de álcool pudessem ser tão mais importantes que uma calça mais, por exemplo. Mas pensando em 100 gramas daqui, 200 dali, acho que cheguei ao ideal.


Está tudo pronto. Roupas feias, porém leves e confortáveis, medicamentos para emergências, agulha para furar as bolhas do pé, sacos de lixo para embalar as roupas no caso de chuva, toalha sintética que não pesa como as normais, e muita vontade de chegar ao final.

As condições do tempo não parecem querer me ajudar muito. A previsão é de chuva e talvez até neve no início do trajeto, isso sem contar que uma danada de uma gripe me pegou na semana passada e ainda não terminou de ir embora. Mas esperemos para ver o que realmente encontrarei por alí. Amanhã parto cedo e assim começa a minha semana santa. Que Deus me proteja.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

“Minha Espanha é assim...” en el Camino de Santiago

Uma mochila nas costas e muitas idéias na cabeça. Meus próximos dias serão assim, de longas caminhadas e grandes reflexões. Decidi, junto com um amigo, a fazer o milenar Caminho de Santiago.

Essa vontade de andar meio sem rumo, de chegar não sei muito bem onde, já faz parte da minha história. Talvez por isso já me considere um pouco “peregrino da vida”. Mas agora a coisa será mais séria.

Não sei como meu corpo vai reagir ao esforço físico de caminhar um total de 254 quilômetros em 9 dias, dentro do trajeto que nos dispusemos a fazer. Só espero chegar inteiro e melhor ao final dessa aventura.

Então, a partir de quinta-feira dou uma pausa na minha vida e parto rumo a uma nova descoberta. Pretendo contar aqui minhas impressões sobre o trajeto. Ainda não sei se vai dar para escrever durante a viagem, nem se terei forças para isso, ou se terei que atualizar quando volte. Mas não deixem de conferir esse capítulo especial da minha vida e do “Minha Espanha é assim...”.

(Na foto, a Catedral de Santiago de Compostela, quando estive na cidade na primavera do ano passado).

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Valencia pide mejoras en la educación

Aqueles conhecidos jogos políticos que colocam interesses partidários por cima da necessidade dos cidadãos não são exclusividade dos nossos governantes brasileiros. Nem mesmo dos países agora denominados “em vias de desenvolvimento”. Prova disso foram os rearranjos feitos pelo Partido Popular (PP) aqui em Valencia, que prejudicaram o sistema de ensino e levaram pelo menos 50 mil pessoas, segundo a Polícia Nacional Espanhola*, às ruas para protestar contra as decisões da Secretaria de Educação daqui.

Com o lema Amb aquesta educació, Font de Mora dimissió (Com essa educação, Font de Mora à demissão), a marcha, organizada pela Plataforma per l´Ensenyament Públic , pedia ao secretário de educação, Alejandro Font de Mora, mudanças em vários pontos estratégicos do sistema de ensino valenciano.Mas a questão mais polêmica e que causou a irritação da comunidade escolar foi a recente decisão do PP que obriga que a disciplina Educação para a Cidadania seja lecionada em inglês.

Com o discurso de incentivar o multilinguismo, o PP parecia ter encontrado a desculpa perfeita para boicotar a disciplina, nova no país, e com pautas muito modernas para o partido conservador. O projeto que aprovou o ensino da Educação para a Cidadania é nacional, comandado pelo Partido Socialista (Psoe), que governa a Espanha. Mas como a educação é competência das Comunidades Autônomas (como os Estados, no Brasil), o governo valenciano decidiu implantá-la em inglês.

Pelo que eu li na imprensa e pelo que escutei durante a manifestação, poucos estudantes tem nivel suficiente para estudarem uma matéria em inglês. A consequência disso é que a maioria deles foram reprovados.

Ainda que não seja a melhor opção, pelo menos parece que o protesto deu resultados. Uma semana depois o secretário Font de Mora autorizou o uso do Valenciano (idioma oficial de Valencia, juntamente com o castelhano) nas aulas. As outras reivindicações (que mais uma vez me fizeram lembrar do nosso querido país), como construção de escolas, contratação de professores, ampliação do sistema público para crianças de 0 a 3 anos, entre outras, receberam um calendário de negociação.


* Os organizadores da manifestação calcularam 100 mil pessoas. Eu acho que acreditei mais neste número, porque era muita gente pelas ruas do centro da cidade.