domingo, 23 de dezembro de 2007

Mi vida ha cambiado

Minha história na Espanha tem um antes e um depois. Conhecer as lojas dos chineses, espalhadas por todos os lados de Valência, mudou completamente minha vida. De utensílios de cozinha a brinquedos e roupas, nesses lugares, onde trabalham famílias inteiras de imigrantes chineses, se pode encontrar de quase tudo. E o preço convida.

Minha casa já está recheada de coisinhas compradas ali. Mas minha melhor aquisiçao (sem til porque nao estou no meu computador) atende pelo nome de calzoncillos largos. Traduzindo, cuecas compridas. É uma coisa muito baranga, que parece com as peças usadas por comediandes em antigos filmes de humor ou pelos palhaços de circo.

A peça se parece a uma meia-calça, mas termina na canela, tem uma abertura para fazer xixi e é fabricada em algodao com polyester. O objetivo é livrar um pobre mortal do frio que faz por aqui. Antes dessa maravilhosa aquisiçao, que me custou 3 euros, eu quase morria congelado todas as vezes que saía somente com calça jeans. Chega a doer quando os termômetros estao marcando zero graus, coisa normal por aqui.

Aproveitei para comprar por ali também meias de inverno, já que nem usando três normais ao mesmo tempo conseguia manter os pés quentes. É ou nao é uma dádiva dos deuses as lojinhas chinesas?

Na verdade nem todo mundo aqui pensa assim. Andei lendo no jornal EL País, em ediçoes mais antigas, que muitos comerciantes fizeram protestos reclamando da concorrência desleal. Parece que nao existe um estudo exato, mas somente uma extimativa de que existam mais de 10 mil lojas dessa no país. Muitas delas sao irregulares, o que ajuda a baratear os preços.

Bom... minha opiniao é que estou muito mais feliz depois que passei a usar minha cuecas compridas.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Que ya puedo ver la tele, ¡qué fuerte!

Tenho televisão. Pouco mais de um mês depois de chegar aqui, posso, pela primeira vez, sentar no sofá da minha casa e assistir ao telejornal ou qualquer coisa que seja. Tudo graças ao meu vizinho Norberto, um africano da Guinéia Equatorial, que mora na porta ao lado.

Já me sentia desligado do mundo. Mesmo com internet e tudo, a televisão faz uma falta danada. O apartamento onde moro é mobiliado, tem tudo, mas não tinha televisão. Ontem, quando estava chegando em casa, vejo Norberto saindo com uma na mão. Quando me viu, perguntou se tinha TV na minha casa. Respondi que não e ele quis saber se eu queria a dele emprestada, já que um companheiro de apartamento tinha outra.

Dois minutos depois já estava sentado no sofá, sapeando em todos os canais e morrendo de rir de algumas publicidades daqui.

E para quem pensa que aqueles programas sensacionalistas, que enchem as tardes da TV ai no Brasil, é uma exclusividade dos brazucas, aqui tem coisa no mesmo nível (ou pior).

Diário de Patrícia é um programa no melhor estilo Márcia Goldsmicht (nem sei se é assim que se escreve). Fiquei sabendo por um amigo que há menos de um mês um marido que foi ao programa tentar se reconciliar com a esposa a assassinou um dia depois. Queria vingar a vergonha de ter recebido um não em rede nacional. Saiu em todos os jornais.

Me chamou a atenção a forma como fazem a previsão do tempo. No fim do jornal chamam a previsão do tempo, mas não dão nenhuma informação. Falam meia dúzia de palavras e avisam: confira a previsão logo mais, às 10 da noite. Isso porque o jornal termina às 8h30 mais ou menos.

Uma coisa boa é que são bem mais canais abertos do que aí no Brasil. Assim é possível encontrar mais diversidade. Assim que estiver mais interado de tudo, vou contando mais coisas.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Cena ¿Venezolana?

Minha Espanha é multinacional e, portanto, multicultural. Dividindo apartamento com um colombiano e um marroquino e morando em um lugar onde praticamente só vivem estrangeiros, aprendo muito sobre culturas de diversas partes do mundo. E me impressiono cada dia pelas histórias que ouço, principalmente sobre os conflitos no mundo árabe e a triste realidade de muitos de nossos vizinhos latinos.

E nessa convivência descubro também muitas coisas em comum, como a culinária latina. Na última segunda-feira meu amigo Vladimir, um venezuelano que mora no sexto andar aqui do prédio, me convidou para um jantar típico de Natal na sua casa.
Além de mim, estavam o salvadorenho Fréderic e a colombiana Anggie.

Fiquei sabendo que íamos comer uma tal de hallaca, uma salada e pan da jamón. Sentados à mesa, tomando um vinho (espanhol), o jantar começou a ser servido. O primeiro prato era a tal da salada, conhecida na Venezuela como “ensalada de patatas”, aqui na Espanha, na Colômbia e em El Salvador como “ensaladilla russa”. Tal não foi minha surpresa quando vi a tão esperada salada, nada mais do que a nossa típica maionese aí do Brasil. Estava uma delícia, mas é igualzinha a nossa.

Vieram então a hallaca e o pan de jamón. Achei bastante familiar aquela trouxinha enrolada na folha de bananeira, mas preferi ficar calado. Quando abri não consegui me segurar: Isso aqui é pamonha!! E era.. não tão igualzinha a nossa, porque eles recheiam com carne, cebola e pimentão. Mas o princípio é o mesmo. Na Colômbia e em El Salvador também tem o tal prato, com o nome de tamal.

O pan de jamón é um tipo de pão caseiro recheado com presunto e mussarela, como um joelho de moça, só que em tamanho família.

Me senti em casa. Comi como se estivesse há três dias amarrado.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

¡¡¡Qué morro tengo!!!


Graças ao bom Deus o meu Abono Metro, um cartão mensal para usar o metrô, ficou pronto. Com ele, pagamos uma tarifa única e podemos usar o serviço quantas vezes forem necessárias. Minha bolsa de estudos cobre o meu, mas demorou quase um mês para me entregarem o danado do cartãozinho. O fato é que, querendo economizar, eu acabava pegando o trem sem pagar.

Isso mesmo, dá para arriscar e ir sem pagar. Claro que depende da linha que você vai usar e da estação que vai descer. A daqui de perto da minha casa é uma de superfície, o tranvia, uma espécie de bondinho dos tempos modernos. A da universidade é a mesma, não preciso fazer baldeação nem nada. A tentação era grande.

O único probleminha é que tem uns danadinhos de uns fiscais que rondam os vagões atrás de espertinhos como eu, a maioria deles pobres imigrantes. E não é que me pegaram? O pior que não foi uma vez só não, foram duas.. melhor dizendo, três. Mas eu mantive a calma a contornei a situação.

Na primeira delas a desculpa foi perfeita. Eu estava com o cartão já na mão, pago, mas não cancelei o bendito nas maquininhas que ficam nas estações. Essa linha de superfície não tem nenhum funcionário. As estações são na verdade paradas, na rua mesmo, e nelas estão posicionadas máquinas onde você pode comprar o bilhete ou cancelar algum seu que tenha comprado anteriormente.

A parte boa é que às vezes elas pifam, saem do ar ou coisa parecida. E a da estação que peguei está sempre quebrada. O fiscal entendeu perfeitamente, cancelou o bilhete que eu tinha em mãos e tudo ótimo.

A segunda foi um pouquinho pior. Estava com meu amigo Miguel Angel, indo para o cinema. Peguei esse de superfície, mas tive que descer numa outra estação onde tomaria o metrô até o destino final. Nessa que segunda estação também não era necessário passar por catracas e nem tão pouco na que íamos descer. Conclusão: pagar para quê?

Mas foi só entrar no segundo metrô para vir a tal da mulherzinha (ô raiva). Ela se aproximou, pediu o bilhete e eu entreguei, na maior cara lavada, sem cancelar. Bom, ela não acreditou muito na história de que eu entrei correndo no vagão que já estava fechando as portas e não tive tempo de passar pelas máquinas. Mas acho que quase acreditou que a estação que iria descer tem roletas e que o bilhete seria cobrado, porque não me fez pagar nenhuma multa e apenas cancelou meu cartão. Ufa.. podem exigir 50 euros (cerca de R$ 140) de multa.

Na terceira foi tranqüilo. Estava com dois amigos brasileiros, do curso, e a desculpa da máquina quebrada funcionou.

Ah, para os mais curiosos, uma viagem de metrô aqui custa de 1,20 a 1,70 euro (R$ 3,30 a R$ 4,70), depende da linha. Fazendo a conversão para o real parece muito caro, mas não é não, para os padrões daqui.
Os cartões mensais variam muito de preço, depende da idade, se é estudante, da linha. Um para idosos vale 9 euros e o de estudantes, na linha mais cara, em torno de 30 euros.
(Na foto, o tranvia visto da janela do prédio onde moro)

Mejillones, calamares y pulpo

Hoje eu não almocei de novo.... Ainda que eu goste da culinária espanhola e seja simplesmente tarado por pratos como a tortilla de patatas e os bocadillos de jamón serrano – nada mais que um sanduíche de presunto de parma, como conhecemos aí no Brasil – ainda não me acostumei com a quantidade de peixe e frutos do mar que esse povo come por aqui. No mínimo umas três ou quatro vezes por semana servem pescado ou qualquer outra coisa que venha da água.

Não é tão diferente da culinária de algumas regiões do Brasil, onde também se come mexilhões, ostras, lulas e polvos. Mas aqui é demais, a freqüência é maior. E hoje todas essas guloseimas nada apetitosas para mim estavam juntinhas, ali, numa sopa de mariscos na hora da comida.

Para um bom mineiro como eu, nascido no interior, essas coisas parecem um tanto quanto estranhas. No meio da sopa, que é feita com um macarrão típico daqui, como se fosse um espaguete cortado, tinha até umas conchinhas, iguaizinhas àquelas que catamos quando vamos à praia. Não dei conta.

Tive que me contentar com “papas fritas”, salada e pão. Aliás, esse outro costume daqui, de comer pão às refeições, muitas vezes me salva a vida. Quando não agrado muito da comida, me entupo de pão e tudo bem.

Os espanhóis têm horários bem diferentes para comer. O café da manhã é normal, depende da hora que cada um acorda. Mais ou menos ao meio-dia é o almoço, que na verdade não é o nosso almoço não. Nesse horário eles fazem apenas um lanchinho para agüentar o tranco. O almoço mesmo – ou a comida, como dizem aqui – é depois das 14 horas. Muitos só vão comer lá pelas 16 horas. Antes disso, é impossível achar um restaurante servindo refeições. Um pouco mais tarde tem um “merienda” e o jantar (cena) lá pelas 22 horas.

Bom, pelo menos agora pela noite a coisa estava melhor: frango grelhado. O problema é que falta um arrozinho com feijão para acompanhar.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Inspiración


Nao podia deixar de explicar de onde veio o nome e a inspiraçao para fazer o blog. "Minha espanha é assim..." faz parte de uma série iniciada pela minha amiga Karina como o "Meu japao é assim...".

Na verdade, ela é a dona da patente.. rsrs.. mas gentilmente me cedeu o direito de uso do nome.

Karina também é jornalista, mineira, e mora em Tóquio, no Japao, há mais de três anos. Por lá trabalha como editora de um jornal para brasileiros. Cheguei até a cogitar a idéia de ir também, mas os planos foram.. digamos, adiados. Quem sabe, né Karina?

O blog dela é tao bacana que recentemente entrou para um projeto da Editora Abril, que comemora os 100 anos de imigraçao japonesa no Brasil. É no nosso país que está a maioria dos japoneses fora do Japao, assim também como a maior colonia de italianos e, claro, espanhóis.

Vale a pena dar uma passada por lá. Ela é minha fonte de inspiraçao!

Matane (hasta luego, en japones)

El inicio

Difícil achar assunto para minha primeira postagem. Principalmente depois de já ter começado outros pelo menos dois blogs e não ter ido adiante com eles. Mas prometo que desta vez vai ser diferente. Mesmo porque minha vida, de uns dias para cá, está totalmente diferente. Bom.. nem sei se posso dizer se é de uns dias para cá, porque na verdade tenho mudado um bocado..

Vou dar uma contextualizada para aqueles que não acompanharam meus últimos passos no Brasil.

Morei em Vitória (ES) nos últimos 12 meses (outubro/06 - outubro/07) e quando estava começando a me acostumar com a pequena "Ilha do Mel" e a fazer amizades muito especiais, apareceu a oportunidade de vir para a Espanha. Tinha acabado de ser promovido no trabalho (de repórter a chefia de reportagem), mas ainda assim a decisão não foi difícil.

A vontade de conhecer esse país tão diverso e rico culturalmente não me deixou ter dúvidas. Não saberia dizer exatamente quando surgiu esse interesse tão grande pela Espanha. Um pouco influenciado pela Cris, uma amiga (e ex-chefe) de BH, pela facilidade com idioma e com certeza pela amizade com Miguel Ángel, meu amigo Ibizenco que mora aqui em Valência.

O fato é que consegui uma bolsa de estudos para fazer um Máster (um tipo de pós-graduação daqui, que seria como o nosso mestrado no Brasil) na Universidad de Valencia, uma das melhores do país e classificada como uma das mais conceituadas do mundo também. Nao é pouco coisa não.. rsrsrsrs.

Cheguei em Valência, a terceira maior cidade espanhola, há menos de um mês. Rodei um pouco e já deu para notar coisas bem diferentes das nossas aí do Brasil. E outras muito parecidas também, como alguns problemas, inclusive sociais.

Bom, isso eu vou contando com o tempo.

Podem fazer perguntas!

¡Un saludo!